(ENEM 2011) Conhecer o mecanismo de transmissão e disseminação de uma dada enfermidade é de muita importância para fundamentar medidas mais efetivas para o controle da doença. A esquistossomose mansônica, uma doença infecciosa parasitária, é um problema de saúde pública no Brasil. Sua apresentação clínica varia desde a forma assintomática até aquelas extremamente graves. O diagnóstico e o tratamento são relativamente simples, mas a erradicação só é possível com medidas que interrompam o ciclo de vida do parasita.
Minas faz Ciência. Minas Gerais, set./nov. 2009 (adaptado).
Com base nas informações do texto, avalie qual das propostas seguintes será eficaz no controle da esquistossomose mansônica e na manutenção da saúde geral da população local:
A) Eliminar os caramujos de regiões afetadas pela esquistossomose, aplicando substâncias tóxicas na água das lagoas.
B) Evitar a contaminação de corpos de águas por ovos de esquistossomo, com a construção de instalações sanitárias.
C) Evitar utilizar água de lagoa de regiões afetadas pela esquistossomose para beber ou para o preparo de alimentos.
D) Impedir o consumo de carne crua ou mal cozida em regiões afetadas pela esquistossomose.
E) Impedir o consumo humano de hortaliças regadas com água contaminada por esquistossomo.
GABARITO ABAIXO:
Análises da questão:
A questão aborda o ciclo de vida do Schistosoma mansoni, parasita causador da esquistossomose mansônica, e pede ao estudante que identifique a medida mais eficaz de controle. Para isso, é essencial entender como ocorre a transmissão: os ovos do parasita chegam à água através das fezes humanas; na água, eles eclodem e liberam miracídios, que infectam caramujos do gênero Biomphalaria.
Dentro do molusco ocorre parte do desenvolvimento, e posteriormente são liberadas cercárias, que penetram ativamente pela pele de pessoas em contato com água doce contaminada. Assim, o ponto crítico do ciclo é a contaminação da água por fezes humanas, já que ela permite a permanência e disseminação do parasita no ambiente.
Nesse sentido, a alternativa correta é a B, que propõe a construção de instalações sanitárias, impedindo que ovos cheguem ao ambiente aquático e rompendo diretamente o ciclo.
As demais alternativas não representam medidas adequadas.
A alternativa A sugere eliminar caramujos com substâncias tóxicas, Estratégia ambientalmente perigosa e de baixa eficácia;
A alternativa C trata da ingestão de água ou alimentos, mas a esquistossomose não é transmitida por via oral, e sim pela penetração das cercárias na pele;
A alternativa D refere-se ao consumo de carne, que nada tem a ver com essa doença parasitária;
A alternativa E menciona hortaliças, mas elas também não são vias de transmissão.6
Dessa forma, a solução mais eficaz e sustentável é impedir que ovos cheguem aos corpos d’água, reforçando a importância de saneamento básico.
O que o ENEM quer que você saiba sobre Controle da esquistossomose?
A esquistossomose mansônica é uma enfermidade que atinge milhares de brasileiros, principalmente em áreas com baixos índices de saneamento básico. O parasita responsável, Schistosoma mansoni, possui um ciclo complexo que envolve o ser humano e caramujos do gênero Biomphalaria.
A transmissão ocorre quando pessoas entram em contato com água doce contaminada por cercárias, que penetram na pele e iniciam a infecção. Isso significa que, para controlar a doença, não basta apenas tratar os indivíduos infectados: é fundamental cortar as etapas que mantêm o parasita no ambiente.
O ponto mais estratégico é impedir que ovos presentes nas fezes humanas cheguem aos corpos d’água, evitando que miracídios infectem caramujos e deem continuidade ao ciclo. Por isso, investimentos em saneamento básico, especialmente na construção de banheiros, fossas sépticas e sistemas adequados de tratamento de esgoto, são indispensáveis.
Quando se instala uma estrutura sanitária eficiente, reduz-se drasticamente o despejo de fezes em rios, córregos e lagoas, quebrando o elo inicial da transmissão. Assim, diminui-se a contaminação ambiental, reduz-se a quantidade de caramujos infectados e, consequentemente, o risco para a população.
Além disso, ações educativas, tratamento regular dos infectados e cuidados com áreas de lazer aquático complementam o controle da doença. A esquistossomose é um exemplo clássico de como saúde pública, infraestrutura e educação ambiental caminham juntas na prevenção de enfermidades parasitárias e na promoção da qualidade de vida.
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